28.4.23

RESUMÃO APÓS VIAGEM TERMINADA

 (Por Flávio Faria)

VAMOS LÁ AO RESUMO DA EXPERIÊNCIA:

PLANILHAS:

1. ROTEIRO

2. COMBUSTIVEIS

3. HOSPEDAGENS



1. PARTICIPANTES, MOTO, MÉDIA CONSUMO E TEMPO DE VIAGEM - Viagem realizada por FLÁVIO FARIA e ROSANE ALMEIDA, numa moto Triumph Tiger 900 Rally Pro, ano 2021/2022, em 31 DIAS DE VIAGEM. A moto fez 19,3 km/l, uma excelente média, considerando que levamos dois bauletos laterais com 11 kg em cada (o que aumenta significativamente o coeficiente de arrasto) e um top case com 31 kg. 



2. QUILOMETRAGEM E PAÍSES VISITADOS - Foram 12.012 km por 6 países da América do Sul (incluindo o Brasil), com a seguinte rodagem por cada um deles: ARGENTINA: 3.816 km; BRASIL: 3.377 km; BOLÍVIA: 1145 km; PERU: 2.287 km; CHILE 999 km e PARAGUAI: 388 km.

 

3. CÂMBIO MÉDIO - As paridades aqui descritas baseiam-se no câmbio do Real pelas médias auferidas nas trocas. Não é um referencial seguro, mas vale registrar. 1 dólar comprava 5,35 reais no momento de saída da viagem. As demais moedas:  R$ 1,00/62,00 ARS (peso argentino); R$ 1,00/0,71 Soles peruanosR$ 1,00/156,00 CH (pesos chilenos) e R$ 1,00/1,25 BS (bolivianos). Não usamos moeda paraguaia.

4. PREÇO MÉDIO DOS COMBUSTÍVEIS - No Brasil o preço médio foi de R$ 5,35 (1 dólar na nossa cotação). Na Argentina variou entre R$ 3,12 e R$ 4,00 (ao câmbio de R$ 1,00/ARS 62). Na Bolívia não vendem gasolina para estrangeiros na bomba (só no galãozinho), por isso pagamos 5 bolivianos, cerca de R$ 4,00 o litro, enquanto os nativos pagam 3,74 bs (R$ 2,99). No Chile, a média foi de R$ 8,40 o litro. Agora PASMEM!!!!!! No PERU o preço variou entre R$ 11,50 e 13,50 o litro (já feita a regra de 3, porque lá usam a medida "galão" em vez de "litros", aqui considerado como 3,79 litros). No Paraguai, o litro estava a mais de R$ 6,00. 

5. Curiosidades: Fizemos 39 abastecimentos em 37 diferentes cidades, a um custo total de R$ 2.976,00. Hospedamo-nos em 20 cidades de 5 países, nos 31 dias de viagem. Isso significa que ficamos 11 dias afastados da moto. O gasto com hospedagem foi de R$ 4.664,00. Choveu durante 11 dias da viagem e pegamos temperatura mínima de 3 graus negativos em duas ocasiões: na Cordilheira boliviana e nas proximidades de Paso de Jama (fronteira Argentina/Chile). 



Primeira Etapa: de Brasília a Tilcara, na Quebrada de Humauaca (Argentina) - 3268 km de viagem

O PROJETO – Sair de Brasília de motocicleta, rumo a Huacachina e Paracas,  no Peru, com cerca de 12.000 km através de 5 países estrangeiros (Argentina, Bolívia, Peru, Chile e Paraguai). Estamos apenas eu e Rosane nessa viagem, numa Tiger 900, ano 2022 (adquirida duas semanas antes do início da viagem). Minha parceira já esteve em 11 países distintos na minha garupa (serão 14 ao final desta experiência), mas faz mais de uma década que ela não participa de viagens longas.

Não será um desafio confortável, particularmente para a garupa. Espero que a gente dê conta! Antes desta moto, possuí três Tigers 1200 consecutivas, por quase 11 anos. Troquei a 1200 por uma 900, porque a diferença de 60 kg para menos na máquina é muito relevante na minha idade. Porém, estamos penando com a diferença de conforto, nos familiarizando com a moto no transcorrer da viagem. Este é o maior desafio no momento. 



RELATO DA VIAGEM

 Por FLAVIO FARIA

Dias 1 a 3 - DE 27 a 29/3/2023 (de segunda a quarta) – DE BRASÍLIA a FOZ DO IGUAÇU/PR – 1642 km rodados.

Vale destacar que essa é minha décima quarta experiência em viagens internacionais de motocicleta e a maior parte deste roteiro já me é bastante conhecido.

Fizemos o trecho até Foz em dois dias e descansamos no terceiro. Nada de relevante a mencionar, fora a chuva torrencial, com muita ventania, que pegamos no início da rodovia Assis Chateaubriand, em SP. Pernoitamos em Clementina/SP, onde chegamos as 19h30, embaixo de chuva, depois de rodar 880 km.

Em Foz, fui visitar meus primos Bruno e Jéssica, que vivem lá, e conhecer meu mais novo primo Alvinho, que acabou de fazer 1 aninho de vida. Fomos super bem recepcionados pelos amigos do casal, inclusive pelo meu quase-primo Ale Quin, e participamos de um ótimo churrasco com violão na casa do João Ernesto (Gaudério), que conhecemos no dia da nossa chegada a Foz. 

Merece destaque as dezenas de motociclistas que encontramos pelo caminho, seguindo para o Moto GP da Argentina, que acontecerá no domingo (dia 2/abril), em Rio Hondo, na província Santiago de Estero.


Céu rosado antes do temporal em Foz

Com Bruno, Jessica e Alvinho


Com o primo Ale Quin

Churrasco na casa do João Gaudério (de óculos à esquerda)

Com Jessica, Rosane e Alvinho

Cataratas do Iguaçu

Cataratas do Iguaçu

Cataratas do Iguaçu

Com Bruno, João e Ale

DIA 4 - 30/3/2023 (Quinta) – De FOZ DO IGUAÇU a POSADAS (Argentina) – 338 km rodados no dia.

Acordamos animados para tentar fazer a aduana argentina antes das 7h30, porém uma tempestade imprevista varreu a cidade de Foz logo cedo. Tivemos que esperar mais de duas horas para ter condições de sair do hotel, ainda sob chuva razoável, que nos acompanhou  até as imediações de Posadas. Essa chuva nos obrigou a procurar um lava jato antes de encontrar um hotel. A moto e os baús ficaram em estado de calamidade, em decorrência do spray de água e lama lançado pelos carros e caminhões que iam a nossa frente.

POSADAS, capital da província de Misiones, é belíssima e faz fronteira com o Paraguai, separada da cidade de Encarnación apenas por uma ponte. A Avenida Costanera, o ponto mais movimentado da cidade, é repleta de restaurantes e bares exuberantes (a preços honestos). Na Argentina não existe boteco “pé sujo” e todos por aqui têm arquitetura e decoração de extremo bom gosto. Foi muito bom saber que os restaurantes e hotéis aceitam o nosso Real, ao câmbio de R$ 1,00/ARS 65,00.

Ficamos no hotel Julio Cesar, que encontramos ao lado do lava jato onde demos o necessário banho na moto.



Vista de Posadas 

Posadas, rio Paraná

Gatinha Molleja, na nossa mesa no bar Holy
No bar Holy

Dia 5 - 31/3/2023 (sexta) – DE POSADAS A CORRIENTES – 320 km rodados no dia.

Chegamos a Corrientes perto do meio-dia, com 34 graus de temperatura. Nossa ideia era passar dois dias nesta cidade, porém o desconforto da moto nos obriga a parar a cada duas horas (ou menos) e, com a chuva de ontem, modificamos o plano: ficamos um dia não previsto em Posadas, no meio do caminho, sem qualquer arrependimento.

CORRIENTES, capital da província homônima, é uma das cidades mais belas onde já estivemos até o momento. As cidades argentinas, de modo geral, são boas pra se viver e muito bem cuidadas. Possuem praças e centros históricos conservados e iluminados. No caso de Corrientes, municipalidade histórica fundada em 1588, além dessa característica, há uma praia extensa no rio Paraná, com areia bem fina, e uma Costanera repleta de bares e restaurantes maravilhosos. Merece destaque, também, a belíssima ponte General Belgrano que separa a cidade da província do Chaco. O povo sabe aproveitar bem esses locais. Muitas pessoas caminhando, correndo, passeando com seus perritos ou, mesmo paradas, com cuia de mate na mão, usufruindo das praças e dos espaços que bordeiam o rio.

Palácio do Governo


Avenida Peatonal, Corrientes

Ponte General Belgrano, Corrientes

Av. Costanera, Corrientes



Plaza 25 de Mayo

Plaza 25 de Mayo


No boteco
Ponte General Belgrano

Casal desfrutando a Costanera

Praia do rio Paraná


Dia 6 - 1/4/2023 (sábado) - DE CORRIENTES A JOAQUIM V. GONZALES – 623 km rodados hoje. Total da viagem 2923 km, sendo 1642 km no Brasil e 1281 na Argentina.

Atravessamos as províncias do Chaco e de Santiago de Estero numa "quase friaca" de 18 graus. Esse acontecimento é mais inusitado que encontrar neve no Piauí. O Chaco é reconhecidamente uma das regiões mais quentes da América. Essa cidade de onde escrevo, Joaquin V. Gonzales, na província de Salta, foi escolhida para evitar uma perna muito longa no trajeto. Nosso destino é Tilcara (350 km adiante) e, depois, adentrar a Bolívia, até o Salar de Uyuni, onde pretendemos chegar daqui a dois dias.

É a terceira vez que fico nesta cidade e, em todas elas, no mesmo hotel Colonial. Mas é de assustar as condições atuais deste hotel. O que era muito bonitinho no passado, virou um lixo, com infiltração nas paredes e uma pintura antiga, cheia de bolhas e muito descascada. Atendimento péssimo! Água quente só apareceu às 20h30 porque a única pessoa que sabia ligar a caldeira sumiu desde cedo. Não me causa surpresa sermos os únicos hóspedes em pleno sábado. Bem que gostaríamos de estar em outra hospedaria, mas depois que se desce da moto e desmonta a bagagem, dá um trabalho danado tentar ir pra outro lugar. 

Nome sugestivo para a "temperatura" típica do Chaco Argentino



Praça em Joaquin V Gonzales


Hotel Muquifo



DIAS 7 e 8 – 2/4/2023 (Domingo de Ramos) e 3/4/2023 (segunda) – DE JOAQUIN V GONZALES A TILCARA – 345 km hoje. Total da viagem: 3268 km, sendo 1642 no Brasil e 1626 km na Argentina.

Saímos cedo do hotel muquifo rumo a Tilcara, uma cidade belíssima já na Cordilheira dos Andes. Já é quarta vez que venho aqui, não porque eu goste de repetir cenários, mas porque Tilcara está sempre no caminho de ida ou de volta de algum lugar, numa distância confortável pra quem vem ou vai para o Atacama ou Salar de Uyuni.

Pegamos a estrada ainda escuro, às 6h30, e só começou a clarear depois das 7h30. Um frio razoável que variou entre 17 e 11 graus. Não esperava temperaturas baixas nesta época do ano. E ainda fomos surpreendidos por uma chuva gelada por mais de 1 hora. A Lei de Murphy sempre funciona: basta a gente guardar a roupa de chuva que começa a chover e, o contrário, basta colocá-la para o sol reaparecer. Mas tivemos sorte, o tempo abriu tão logo iniciamos a subida da Cordilheira, a partir de S. Salvador de Jujuy.

O trecho de estrada é bastante pitoresco, particularmente na província de Jujuy, onde estamos agora. Muitas curvas, subidas de montanha e um cenário exuberante da cordilheira andina. Há muito movimento na rodovia, particularmente de peregrinos, porque hoje é Domingo de Ramos e acontece uma peregrinação tradicional em homenagem à Virgem de Tilcara.

Rosane está com mal estar há 3 dias e tivemos que ficar 1 dias a mais por aqui, esperando por possível melhora.


Cordilheira dos Andes


Cordilheira dos Andes






Em Tilcara


Quilmes está difícil de encontrar em cidades maiores, aqui tem
Montanhas de Tilcara